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Simulação destaca atendimento pré-hospitalar em urgências

Foto: Denise Guimarães, Tecnologia Educacional FOB-USP

Demonstração de retirada de vítimas das ferragens mostrou a importância do trabalho integrado entre Bombeiros e Samu

Uma simulação de salvamento em capotamento de veículo mostrou aos estudantes do curso de Medicina da USP-Bauru a importância do atendimento pré-hospitalar e do trabalho integrado entre o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para a qualidade da assistência às vítimas.

A atividade – realizada no último dia 20 de junho no campus de Bauru como parte do módulo Primeiros Socorros do curso – mobilizou três viaturas e nove bombeiros – atuando diretamente na simulação.

Foto: Denise Guimarães, Tecnologia Educacional FOB-USP

“Fizemos uma demonstração, passo a passo, do atendimento de ocorrência com duas vítimas presas nas ferragens de veículo, desde o acionamento da equipe [pelo 193]; a chegada do que chamamos de trem de socorro do Corpo de Bombeiros, composta por três viaturas: Comando de Área, Autobomba e Unidade de Resgate; além das técnicas e procedimentos adequados para acessar, desencarcerar e extrair essas vítimas do interior do veículo”, explicou o tenente José Mario de Freitas Junior, comandante do Posto de Bombeiros de Bauru.

“É extremamente importante essa visão do atendimento pré-hospitalar para os alunos. Normalmente, eles têm muito conhecimento do que acontece da porta para dentro do hospital, mas o atendimento pré-hospitalar bem feito é essencial para a vítima ter mais chance de sobrevida e melhor qualidade na assistência”, observou.

Foto: Tiago Rodella, HRAC/USP-Bauru

Presente na atividade, o tenente-coronel Miguel Ângelo Minozzi, comandante do 12º Grupamento de Bombeiros, sediado em Bauru, afirmou que a corporação mostrou, no âmbito do atendimento pré-hospitalar, ser mais uma ferramenta que o futuro médico pode utilizar para o atendimento às vítimas. “Demonstramos aquilo que fomos criados para fazer, que é o salvamento, a estricagem – ou seja, a retirada da vitima das ferragens –, para o futuro profissional ver a importância do médico no local, para os primeiros socorros e o suporte avançado”.

Foto: Tiago Rodella, HRAC/USP-Bauru

Para o médico Rafael Arruda Alves, diretor do Departamento de Urgência e Emergência do município – que também participou da atividade – a iniciativa é muito valiosa. “Primeiro, para os alunos terem um conhecimento técnico, prático, vivenciando e observando. Segundo, porque, ao entenderem como ocorre um atendimento integrado entre o Corpo de Bombeiros e a equipe do Samu e atrelarem conhecimentos profissionais, eles poderão ter melhor desempenho para o paciente no exercício de sua função. Tive algumas experiências práticas na faculdade, mas não desse porte, com essa qualidade e com essa vivência já desde o primeiro período”, pontuou.

Foto: Tiago Rodella, HRAC/USP-Bauru

Formação diferenciada

Já Ravi Souza de Freitas Tronchini, estudante do curso de Medicina da USP-Bauru, contou que “ter essa experiência na formação, ver como é realmente o trabalho dos Bombeiros na remoção de vítimas das ferragens e a atuação interprofissional com a equipe do Samu é fundamental para vermos como será o nosso trabalho como médicos um dia, seja como reguladores ou atuando no suporte no local do acidente”.

O professor Gerson Alves Pereira Júnior, vice-coordenador do curso de Medicina da USP-Bauru, lembrou que o médico recém-formado, em geral, tem como principal atividade o plantão na urgência, seja em pronto atendimento ou na própria Unidade de Suporte Avançado do Samu.

Foto: Tiago Rodella, HRAC/USP-Bauru

“É muito importante que, durante a formação, o estudante tenha uma boa noção de urgência, porque vai ser a primeira oportunidade de emprego dele. Nesse primeiro semestre, por exemplo, eles têm que saber reconhecer sinais de alerta e qual o fluxo da rede de urgência. Por isso estão visitando os vários locais de atendimento e de regulação [Samu, Corpo de Bombeiros, Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e Grupamento Aéreo], conversando com os seus integrantes e vendo demonstrações”.

Para o professor, portanto, é fundamental que a graduação cuide desse aspecto da formação, a urgência. “E, ao longo dos seis anos, faremos o que chamamos de Eixo Longitudinal de Urgência, com complexidade crescente de atividades nos vários momentos da formação, na medida em que os estudantes forem adquirindo mais conhecimento e autonomia”.

Foto: Tiago Rodella, HRAC/USP-Bauru

‘Na pele’
Atuando como paciente simulado, resgatada de dentro do veículo tombado, a enfermeira e estudante de pós-graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) Júlia Bertolaccini Bastos Neves fez um interessante relato de como foi estar “na pele” da vítima.

“A gente se sente abandonado lá dentro, sem saber o que está acontecendo. E, quando a equipe chega, a nossa sensação é de conforto e segurança. Eles perguntam o nome, onde está doendo, dizem que vão colocar o colar cervical e avisam todos os procedimentos. Você se sente protegido”.

Universidade e integração
A USP, por meio do curso de Medicina, tem tido papel de destaque na aproximação e integração de serviços da rede pública em Bauru, “inclusive num contexto mais amplo do sistema de saúde, que inclui assistência social e segurança pública”, salientou o professor Gerson. “A Universidade vai ser um catalisador dessa integração. A academia vem somar, trazer conhecimento científico e um espaço de discussão, cumprindo um papel de responsabilidade social”.

O tenente-coronel Minozzi, comandante do Corpo de Bombeiros, também ressaltou a relevância da parceria e da troca de conhecimentos entre a corporação e a USP. “Nós [Corpo de Bombeiros] ganhamos muito, o futuro médico ganha, e quem ganha principalmente é a sociedade”.

Já quanto ao trabalho em conjunto entre o Departamento de Urgência e Emergência de Bauru e o curso de Medicina, o médico Rafael Arruda Alves reforçou que se trata de uma via de mão dupla. “A aproximação com a academia traz melhorias para o cenário de urgência do município, com a qualificação dos seus servidores, além de trazer um cenário prático para os alunos vivenciarem o dia a dia dos atendimentos nas unidades”, finalizou.

Ver mais fotos da atividade no Facebook do HRAC.

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(Reportagem: Tiago Rodella, jornalista HRAC/USP-Bauru)