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Trabalho do HRAC conquista 1o lugar no Prêmio Tese SBFa

Além da tese de doutorado de Rafaeli Higa Scarmagnani, outros dois trabalhos desenvolvidos no Hospital receberam menção honrosa da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia

Uma tese de doutorado defendida no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP em Bauru conquistou o 1º lugar do Prêmio Tese SBFa, concedido pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa).

Os trabalhos premiados acabam de ser anunciados pela organização do 28º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que em 2020 contou com quatro dias oficiais de evento, de 7 a 10 de outubro, e uma grade estendida de dois meses de atividades, tudo em formato on-line. Ao todo, foram mais de 1.500 trabalhos inscritos, de todas as áreas da Fonoaudiologia.

Intitulada “Elaboração de dois instrumentos para predizer o fechamento velofaríngeo com base nas características de fala e sua correspondência com as dimensões do orifício velofaríngeo”, a tese vencedora é de autoria de Rafaeli Higa Scarmagnani, sob a orientação da fonoaudióloga Renata Paciello Yamashita, do Laboratório de Fisiologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação do HRAC-USP.

Defendida em 2017, a tese contou com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi desenvolvida com período sanduíche no Karolinska Institutet, da Suécia, umas das principais universidades da área médica do mundo, sendo uma comissão desse instituto que indica os laureados com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina.

Instrumento diagnóstico
Indivíduos com fissura labiopalatina podem apresentar alterações de fala específicas – como hipernasalidade e articulações compensatórias – decorrentes da disfunção velofaríngea, condição que impede o movimento sincronizado de estruturas como o palato mole e as paredes laterais e posterior da faringe e a adequada separação das cavidades oral e nasal durante diversas funções, incluindo a fala.

Dra. Renata Paciello Yamashita, orientadora da tese. Foto: Site Projeto Interkids

Segundo a fonoaudióloga Renata Yamashita, orientadora da tese, a identificação dos sintomas de fala característicos da disfunção velofaríngea deve ser feita por meio de avaliação perceptivo-auditiva combinada às avaliações instrumentais.

“Ambos os métodos, portanto, devem ser empregados como valiosos recursos complementares, especialmente considerando a comprovada correlação entre os sintomas de fala e a extensão da falha velofaríngea. E, embora diversos protocolos tenham sido elaborados a fim de se classificar o funcionamento velofaríngeo, nenhum deles utilizou, para este fim, um instrumento objetivo somado à avaliação perceptiva, como foi realizado neste estudo”, destaca.

De acordo com a autora, Rafaeli Scarmagnani, o fato de na prática clínica existirem fonoaudiólogos que realizam o diagnóstico da disfunção velofaríngea sem contar com o complemento de recursos instrumentais motivou a realização do estudo.

Dra. Rafaeli Higa Scarmagnani, autora da tese. Foto: Arquivo pessoal

“A proposta foi elaborar uma ferramenta para predizer o fechamento velofaríngeo com base na correspondência entre as características perceptivas da fala e a medida do orifício velofaríngeo determinada pela avaliação instrumental objetiva. A ideia principal foi contribuir para que o profissional que não tem acesso à avaliação instrumental possa estimar o fechamento velofaríngeo com base, exclusivamente, nas características perceptivas da fala”, explica.

O estudo resultou em dois modelos estatísticos transformados em protocolos para classificar de forma perceptivo-auditiva a competência velofaríngea. “Uma das ferramentas é computacional e pode ser utilizada em softwares editores de planilhas, e a outra pode ser impressa e utilizada de forma manual. Ambas mostraram 88,7% de acertos ao predizer a classificação do fechamento velofaríngeo, além de altos níveis de sensibilidade e especificidade, o que confirma a aplicabilidade clínica dos modelos”, assinala a autora.

“Essas ferramentas constituem importante contribuição para o diagnóstico da disfunção velofaríngea na prática clínica”, conclui Renata Yamashita.

Menções honrosas
Além da tese vencedora, outros dois trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Fisiologia do HRAC-USP receberam menção honrosa no Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, ambos na área de Motricidade Orofacial e de autoria de Maria Natália Leite de Medeiros Santana, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação do Hospital.

As menções honrosas foram para os seguintes trabalhos: “Hipernasalidade após o avanço cirúrgico da maxila em indivíduos com fissura labiopalatina: Análise em 432 casos” (coautores: Ana Paula Fukushiro, Inge Elly Kiemle Trindade e Renata Paciello Yamashita) e “Análise antropométrica das dimensões craniofaciais e velofaríngeas de indivíduos adultos com fissuras labiopalatinas” (coautores: Katelyn Joy Kotlarek, Jamie Perry, Renato Yassutaka Faria Yaedú e Renata Paciello Yamashita).