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Pesquisa da FOB-USP utiliza Inteligência Artificial (IA) para detecção precoce de cárie

Samanta Mascarenhas Moraes em defesa de doutorado direto na FOB, e sua orientadora professora Marília Buzalaf

Um projeto da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), da Universidade de São Paulo (USP), pretende usar Inteligência Artificial (IA) para detectar cáries antes delas aparecerem.

A iniciativa foi contemplada por um programa de financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com apoio da Ohio State University (OSU) dos Estados Unidos.

Coordenado no Brasil pela professora Marília Buzalaf, diretora da FOB, o estudo utiliza imagens de fluorescência quantitativa induzida por luz — tecnologia que capta alterações nos dentes antes da formação de cavidades. A ideia é treinar um algoritmo com essas imagens e dados clínicos para que ele consiga prever se uma lesão inicial, ainda invisível, vai evoluir ou regredir.

“O grande objetivo é identificar a cárie no estágio mais precoce possível”, disse Marília, em entrevista ao jornalista Vitor Oshiro, do programa Ligado na Universidade, da TV USP Bauru.

Segundo a professora, o projeto usa dados coletados em um estudo clínico prévio do trabalho de doutorado da aluna Samantha Mascarenhas Moraes com pacientes ortodônticos (aparelho fixo), que apresentam risco mais alto para o desenvolvimento de cáries.

Com base nesse material, a IA será treinada para reconhecer padrões e apontar se há chances de a mancha branca, estágio inicial da cárie, se transformar em cavidade. Caso o risco seja alto, será possível intensificar os cuidados preventivos com flúor e higiene bucal.

O estudo está em fase inicial. Os dados já foram coletados e agora passam por ajustes para que possam ser processados. O nome do projeto é “Detecção precoce de cárie dentária: desenvolvimento de um algoritmo de rede neural com base em dados clínicos e imagens de fluorescência quantitativa induzida por luz”.

As próximas etapas envolvem o desenvolvimento do algoritmo, com apoio de especialista da área de informática biomédica da OSU.

O projeto tem financiamento de R$ 420 mil, com recursos destinados à compra de um computador de alto desempenho e ao intercâmbio entre os pesquisadores. Além de Marília Buzalaf, integram a equipe a pesquisadora Samantha Moraes, no Brasil, e a professora Andreia Ferreira Zandona, nos Estados Unidos.

A cárie ainda é a doença crônica mais prevalente no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para os pesquisadores, a IA pode se tornar uma aliada importante no combate ao problema. “Queremos evitar que o tratamento precise ser invasivo. Quanto mais cedo diagnosticarmos, maiores as chances de reversão”, afirmou Marília Buzalaf.

A previsão é que o estudo seja concluído até o fim de 2027.

(Reportagem e texto de Guilherme Matos do Jornal da Cidade)