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Pesquisadores da USP conquistam 1º lugar Revelação e Menção Honrosa no Prêmio Pio Corrêa

Pesquisadores Ana Carolina Cestari Bighetti (1º Lugar/Revelação) e Carlos Henrique Bertoni Reis (Menção Honrosa/Master) receberam o III Prêmio Pio Corrêa outorgado pela Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil – Foto: Divulgação

Dois pesquisadores da Universidade de São Paulo foram agraciados na 3ª edição do Prêmio Pio Corrêa de Inovação em Ciências Farmacêuticas com a Biodiversidade Brasileira. Ana Carolina Cestari Bighetti foi a grande campeã na categoria Revelação, conquistando o primeiro lugar entre pesquisadores com até 30 anos de idade. Já Carlos Henrique Bertoni Reis recebeu Menção Honrosa na categoria Master, ficando entre os 3 melhores do Brasil nesta categoria.

Os pesquisadores, que tiveram seus artigos científicos baseados nos estudos desenvolvidos na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP), foram premiados pela Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil em cerimônia realizada no dia 29/11/2025, no Espaço Memória das Ciências Farmacêuticas no Brasil, em São Paulo.

O Prêmio Pio Corrêa, conforme define sua instituidora, a Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil, tem a finalidade de reconhecer publicamente e estimular profissionais que atuam no Brasil nas diversas áreas das Ciências Farmacêuticas relacionadas à biodiversidade brasileira. “Mais do que o mérito científico, a iniciativa busca destacar trabalhos com impacto na sociedade.”

Os premiados

A publicação da pesquisadora Ana Carolina Cestari Bighetti, intitulada “Eficácia e segurança de um novo biopolímero de fibrina heterólogo na cicatrização óssea alveolar após extração dentária: um estudo pré-clínico experimental”, vencedora na categoria Revelação, originou-se de sua dissertação de Mestrado em Ciências Odontológicas Aplicadas na FOB-USP, sob orientação do professor Gerson Francisco de Assis e coorientação do professor Rogério Leone Buchaim. Atualmente, ela é doutoranda na Instituição.

O artigo do pesquisador Carlos Henrique Bertoni Reis, intitulado “Efeitos de um biocomplexo formado por dois biomateriais de suporte, cerâmica de hidroxiapatita/fosfato tricálcico e biopolímero de fibrina, com fotobiomodulação, no reparo ósseo”, laureado com Menção Honrosa, foi resultado de sua pesquisa de Doutorado na FOB-USP, sob orientação do professor Rogério Leone Buchaim.

O estudo de Carlos teve seus passos iniciais desenvolvidos no programa de Mestrado Interdisciplinar em Saúde da Universidade de Marília (Unimar), sob orientação da professora Daniela Vieira Buchaim, atualmente vinculada ao Centro Universitário de Adamantina (FAI), preceptora da área de Anatomia da Faculdade de Medicina de Bauru da Universidade de São Paulo (FMBRU-USP) e professora associada ao Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista (CEVAP/Unesp) de Botucatu.

E foi justamente com o CEVAP/Unesp/Botucatu que ambas as pesquisas contaram com parceria e fundamental apoio para sua viabilização e sucesso. O estudo contou com a colaboração dos professores Benedito Barraviera e Rui Seabra Ferreira Júnior que idealizaram, fabricaram e forneceram o biopolímero heterólogo de fibrina, um biofármaco produzido a partir da purificação do veneno da serpente e que contém, também, fibrinogênio do sangue de búfalo, utilizados nos estudos premiados.

As pesquisas

Em seu artigo, Ana Carolina Cestari Bighetti revela que a inovação do projeto é um bioproduto nacional que, provavelmente, terá um custo-benefício excelente para a população brasileira. Foi utilizado o biopolímero para preenchimento de alvéolo pós-extração de incisivo de ratos, e os resultados demonstraram que ele foi capaz de diminuir a perda de espessura óssea, importante requisito para instalação de implantes em Odontologia.

“Esta descoberta vem se demonstrando promissora na manutenção do volume ósseo alveolar dentário pós-extração dentária e serve de arcabouço para a migração de células ósseas por formar uma rede de fibrina. Por não ser granulado como os biomateriais cerâmicos (sintéticos ou naturais) e não deixar partículas, o selante de fibrina deve permitir uma boa osseointegração para a possível implantação de um implante dentário”, explica Ana Carolina.

Além disso, o biopolímero de fibrina desenvolvido pelo CEVAP, destaca a pesquisadora, demonstrou nas cirurgias maior preservação dos tecidos moles como gengiva e menor infecção, por servir como cola e não necessitar de fios de sutura.

“O biopolímero de fibrina contribuiu nesse resultado porque, além de servir de arcabouço para migração de células formadoras de novo osso, os osteoblastos, ele também demonstrou suprimir osteoclastos, células de reabsorção óssea”, conclui Ana Carolina.

No trabalho de autoria de Carlos Henrique Bertoni Reis, “Efeitos de um biocomplexo formado por dois biomateriais de suporte, cerâmica de hidroxiapatita/fosfato tricálcico e biopolímero de fibrina, com fotobiomodulação, no reparo ósseo”, foi utilizado laser de baixa potência associado ao enxerto de biomaterial, juntamente com o selante de fibrina, para avaliar a capacidade de contribuir com a regeneração de ossos. Os resultados demonstraram melhora na cicatrização e formação de novo osso.

“Isto acontece muito em fraturas na área de Ortopedia, e também em cirurgias odontológicas. Então, é muito importante para quem atua nas áreas de Cirurgia Bucomaxilofacial, Periodontia, Implantodontia e Medicina Regenerativa”, informa. O pesquisador Carlos Henrique Bertoni Reis também é médico ortopedista, conhecimento que aplicou aos estudos.

O futuro

Finalizando, o professor da FOB-USP, Rogério Leone Buchaim, também pesquisador associado do CEVAP/Unesp/Botucatu, que participou ativamente em ambos os estudos, destaca que estas premiações valorizam a inovação, a pesquisa e a biodiversidade brasileira e reafirmam o papel das instituições parceiras no projeto e adianta, “o biopolímero de fibrina deve em breve entrar para a fase III de testes clínicos na Anvisa com diversas possibilidades de utilização em áreas da Odontologia e Medicina. Temos diversos projetos, inclusive financiados pela Fapesp, CNPq e INCT, de docentes da FOB-USP e instituições parceiras, com o uso do biopolímero.”

Então, aguardem! Vem mais novidades e avanços científicos pela frente.


Os pesquisadores recebem dos representantes da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil o III Prêmio Pio Corrêa de Inovação em Ciências Farmacêuticas com a Biodiversidade Brasileira em evento realizado no Espaço Memória das Ciências Farmacêuticas no Brasil, em São Paulo – Foto: Divulgação

Presentes na cerimônia de entrega do III Prêmio Pio Corrêa, da esquerda para a direita na foto: Carlos Henrique Bertone Reis, ganhador da Menção Honrosa/categoria Master; Márcia Mesquita Serva Reis, superintendente do Hospital Beneficente da Unimar; Daniela Vieira Buchaim, professora da FAI, associada do CEVAP/Unesp e preceptora da FMBRU-USP; Rogério Leone Buchaim, professor da FOB-USP e pesquisador associado do CEVAP/Unesp, e Ana Carolina Cestari Bighetti, classificada em 1º Lugar na categoria Revelação.

Luís Victorelli (MTb 21.656)