Entusiasmo e boas expectativas marcaram o evento, que contou com a participação dos estudantes e familiares, professores e servidores da USP-Bauru
Um sonho de 60 anos da comunidade de Bauru e região, o curso de Medicina da USP na cidade acaba de encerrar seu primeiro semestre de atividade, com uma solenidade realizada no último dia 6 de julho, mesma data do decreto de criação do Hospital das Clínicas (HC) de Bauru.
Entusiasmo e boas expectativas marcaram o evento, que aconteceu no jardim interno do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP, reunindo os estudantes e seus familiares, professores, servidores, dirigentes do campus e autoridades.
“O sonho se tornou realidade. A frase que marcou o tão sonhado curso de Medicina de Bauru da USP reflete também o sentimento dos alunos da T1 [a primeira turma do curso]. Foi um caminho árduo, que cada um sabe o que custou. Árduo também foi o nosso semestre, porém com muitas surpresas e aprendizados. Somos gratos a todos que cotidianamente batalham para que nosso curso se concretize. Em nome da turma, agradecemos a FOB [Faculdade de Odontologia de Bauru], aos seus funcionários, à Diretoria, e aos alunos de Fonoaudiologia e Odontologia, que nos receberam de braços abertos e nos acolheram em seu lindo campus”, declarou o estudante Victor Cardozo, representante discente do curso de Medicina.
“Agradecemos também aos nossos professores, que estão incrementando com maestria o nosso conhecimento, com suas experiências não só clínicas, mas também de vida. São pessoas essenciais para que nos conectemos melhor com a comunidade. E esse semestre foi uma experiência única em que, desde o início, entramos em contato com os pacientes e conhecemos a realidade em que eles estão inseridos, o que é essencial para nos ternarmos médicos mais humanos. Somos muito gratos por vocês terem aceitado a nova empreitada que é um curso com metodologias ativas, e pelo esforço de vocês para serem os melhores para nós. Temos certeza que, juntos, construiremos um grande curso de Medicina para a cidade de Bauru e, quiçá, um dos melhores do Brasil”, afirmou Victor.
Também representante discente do curso de Medicina, a estudante Bianca Santa Maria complementou os agradecimentos. “Agradecemos à professora Alessandra [Mazzo], por ter se dedicado com tanta veemência na construção do Necs [Núcleo de Educação e Capacitação em Saúde], que é um ambiente singular que nos proporciona situações incríveis. Não podemos deixar de agradecer ao Márcio [Antonio da Silva] e ao Álvaro [Campoy Neto, técnicos de informática e audiovisual], que estão sempre conosco, gravando nossas aulas e nos ajudando com os aparatos tecnológicos. Somos gratos também à Adabiana [Alves de Araújo] e à Rosali [Malaspina], secretárias do curso, que estão sempre cuidando para que tudo ande nos trilhos. Agradecemos ainda ao professor Gerson [Alves Pereira Júnior], pelo trabalho incansável que tem realizado; e ao professor Sebastião, que está sempre cuidando para o bom andamento do curso. São muitas pessoas a quem devemos a nossa gratidão, por trabalharem tanto para que esse sonho se torne uma realidade”.
Para o professor José Sebastião dos Santos, coordenador do curso de Medicina da USP-Bauru e superintendente do HRAC/Centrinho-USP, esse primeiro semestre superou as expectativas. “Achávamos que teríamos mais dificuldades, porque estamos trabalhando com uma proposta curricular diferente, que envolve uma participação muito ativa dos estudantes. Tivemos uma boa acolhida no campus de Bauru, na própria cidade, e a interação dos estudantes com os serviços de saúde foi muito positiva. Como professores, estamos muito satisfeitos. Isso não significa que não temos muitos desafios, como pensar no Hospital das Clínicas e fortalecer os acordos de cooperação com o Sistema Único de Saúde da cidade e da região. Mas o caminho é esse”, avaliou.
O professor destacou que “os estudantes da primeira turma têm uma responsabilidade muito grande, porque vão construir a marca do curso, e todo mundo quer estar vinculado a uma marca boa, que tenha representação social. Sem dúvida é essa a vontade dos estudantes e dos professores, construir juntos uma escola médica estruturada, com seus métodos e conteúdos”.
“Visitar a casa das pessoas e conhecer as variáveis a que elas estão submetidas, fazer isso desde cedo é um diferencial muito grande, e vocês entenderam a proposta. Não se faz mais um curso de Medicina dentro do campus. O laboratório de um curso de Medicina – além dos próprios laboratórios – é a sociedade, é a rua, é a casa, é a unidade básica de saúde, é o pronto atendimento, é a central de regulação, são os hospitais. O curso tem que ter esse diferencial mesmo”, pontuou.
O coordenador do curso de Medicina lembrou também que “muita gente agiu para que nós estivéssemos aqui. O Dr. Pedro Tobias, que é um legislador incansável. Esse curso e o novo hospital têm muito da colaboração e do empenho dele. O prefeito atual [Clodoaldo Gazzetta], que tem participado e acompanhado o que estamos fazendo nesse novo momento. O Dr. Fogolin [José Eduardo Fogolin Passos, secretário municipal de Saúde de Bauru], que tem trabalhado muito com os estudantes. A professora Cidinha [Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, atual pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP], que abriu as portas da FOB para abrigar um curso de Medicina. Tem também o pessoal do Centrinho, com o trabalho realizado pela equipe multiprofissional. O atendimento por cirurgião plástico, geneticista, fonoaudiólogo e dentista, para acertar a vida do indivíduo, que vem uma vez aqui e já passa por todos esses profissionais. Esse conceito de trabalhar e de planejar de maneira integrada é fantástico. E aqui tem essa cultura”.
“Sem dúvida vamos formar médicos que, no mundo do trabalho, vão ter plena noção de exercer a cidadania, e conhecer quais são as diretrizes, as estratégias e as políticas públicas de saúde, educação, ciência, tecnologia, e a interface com assistência social e a segurança pública, para benefício da população”, finalizou o professor José Sebastião.
Em sua fala, o professor Guilherme Janson, vice-diretor em exercício da Faculdade de Odontologia de Bauru, ressaltou: “o curso de Medicina da Universidade de São Paulo de Bauru está acontecendo e já completou um semestre, para nossa grande satisfação. É com enorme alegria que parabenizo a primeira turma do curso de Medicina da FOB-USP pela conclusão, com brilhantismo, do primeiro semestre. Parabenizo também todo o corpo docente, orquestrado pelo Dr. Sebastião, com a ajuda do Dr. Gerson. Cumprimento também os funcionários, sem os quais o desenvolvimento do curso não seria possível. Além disso, o professor Carlos [Ferreira dos Santos, diretor da FOB] não poupa esforços para que tudo caminhe perfeitamente. Reconhecemos e agradecemos os esforços de todos esses profissionais para que o curso fosse desenvolvido com excelência”.
Vice-coordenador do curso de Medicina da USP-Bauru, o professor Gerson Alves Pereira Júnior salientou que o mesmo “vem fazer uma mudança de concepção, filosófica inclusive, da maneira de formar. Esse é um desafio muito grande, mas já há bastante evidência científica para o que temos desenvolvido. Nesse semestre tivemos muitas emoções em relação à programação do curso, com atividades pouco usuais para aqueles que não estão afeitos às metodologias ativas. Mas a proposta tem sido absorvida gradativamente pelos estudantes e professores. Estamos tentando resgatar nos estudantes o prazer de estudar, com uma mudança de cultura avaliativa, que não seja punitiva. E já vemos o crescimento deles, de postura, de visão”.
“Temos contado com muita ajuda, externa e interna. O pessoal da FOB e do HRAC tem nos ajudado muito. Acredito muito nesse projeto. Vamos fazer aqui um curso completamente diferente, que possa integrar educação com outras áreas públicas e mudar a realidade da assistência à saúde”, acrescentou o professor Gerson.
Já a professora Alessandra Mazzo, docente do curso de Medicina e responsável pelo Núcleo de Educação e Capacitação em Saúde (Necs), frisou: “tem sido um trabalho intenso, mas muito prazeroso. Temos aprendido em conjunto nesse novo caminhar, na comunidade e dentro dos laboratórios. Quero agradecer aos meus amigos de Universidade, professores Sebastião, Gerson e André [Lucirton Costa], pessoas que têm encarado o curso com tanta garra, para que a gente consiga formar não só bons profissionais, mas boas pessoas, que possam transformar a realidade e construir aqui uma história muito bonita”.
Representando o HRAC/Centrinho-USP, o médico Hilton Coimbra Borgo, chefe técnico do Departamento Hospitalar, agradeceu todo o esforço empreendido para a implantação do curso de Medicina da USP-Bauru. “Essa conquista só veio engrandecer e dar apoio ao trabalho realizado no Centrinho. A vinda da Medicina, trazendo o Hospital das Clínicas, que será uma realidade em breve, vai nos dar mais retaguarda, inclusive para patologias que hoje não atendemos. Além disso, o Centinho tem uma produção científica boa, mas que vai ser estimulada com esse curso”.
Por fim, Orozimbo do Amaral, pai do estudante Pedro Henrique Cogo do Amaral, fez um relato: “todos nós pais estamos muito orgulhosos dos nossos filhos. Quero agradecer de coração pelo imenso trabalho que todos estão fazendo. Vejo que há um empenho profundo, de alma, pelo surgimento e crescimento dessa nova faculdade”.
Também prestigiaram o evento de encerramento do primeiro semestre do curso de Medicina o jornalista José Eduardo Amantini, representando o deputado estadual Pedro Tobias – que teve importante papel para a concretização do curso –, e o médico Rafael Arruda Alves, diretor do Departamento de Urgência e Emergência do município de Bauru.
O reinício das aulas neste segundo semestre será no dia 30 de julho.
(Reportagem: Tiago Rodella, Assessoria de Imprensa HRAC/USP-Bauru. Fotos: Márcio Antonio da Silva, HRAC/USP-Bauru)