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Medicina encerra primeiro ano letivo integrada à comunidade

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Terceira carreira mais concorrida do último vestibular Fuvest – com 86,9 candidatos por vaga, atrás apenas das tradicionais Medicina-São Paulo (115,2) e Medicina-Ribeirão Preto (108,7) –, o curso de Medicina de Bauru receberá 60 novos estudantes em 2019

O curso de Medicina da FOB-USP encerrou, no último dia 07 de dezembro, o seu primeiro ano letivo. Integrado à comunidade, à rede de serviços do Sistema Único de Saúde e às suas interfaces com os sistemas de educação, assistência social e segurança pública, o curso torna realidade um sonho de 60 anos dos bauruenses, contribuindo ainda com a integração e aprimoramento dos serviços assistenciais do município e região.

Avaliação final de 2018, realizada no prédio do novo HC da USP-Bauru, em formato de exame clínico objetivo estruturado (OSCE, na sigla em Inglês). O OSCE é considerado um dos mais confiáveis métodos para avaliação de competências e habilidades clínicas, em que os estudantes, residentes ou médicos em atividade se alternam em estações com pacientes reais ou simulados, com o propósito de realizar diferentes tarefas clínicas. Foto: Denise Guimarães, FOB-USP

Um encontro realizado no prédio do novo Hospital das Clínicas, após a última avaliação do ano – um exame clínico objetivo estruturado (OSCE, na sigla em Inglês) –, reuniu os estudantes, dirigentes, professores e servidores e marcou o encerramento das atividades do curso em 2018.

Representando a Diretoria da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP), que sedia os cursos de Medicina, Odontologia e Fonoaudiologia, o vice-diretor, professor Guilherme Janson, exaltou a dedicação de todos os envolvidos, estudantes, docentes e servidores.

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

“Quero cumprimentar a todos vocês por esse ano de muito trabalho, que valeu a pena. E também parabenizar o professor Sebastião, o professor Gerson [coordenador e vice-coordenador do curso de Medicina da FOB-USP], os demais professores e funcionários por todo o esforço para a implantação do curso de Medicina e o grande trabalho realizado durante esse ano”, afirmou.

Dirigindo-se aos estudantes, Janson destacou que “assim como nos cursos de Odontologia e Fonoaudiologia, procuramos sempre proporcionar o melhor para vocês, para que tenham uma formação completa, no mesmo nível de excelência. E estaremos aqui em fevereiro para o segundo ano do curso”.

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Já o professor José Sebastião dos Santos, coordenador do curso de Medicina da FOB-USP e superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho-USP), fez uma breve reflexão sobre esse primeiro ano de curso e também enalteceu o empenho de todos.

“Tivemos um ano intenso, com o primeiro ano do curso e um princípio de organização do Hospital das Clínicas [criado oficialmente pelo Decreto Nº 63.589, publicado em 07 de julho de 2018 no Diário Oficial do Estado]. Alguns desafios foram vencidos, outros estão pela frente, e é assim mesmo, porque estamos construindo. O importante é não perder a essência, o foco, mas sim definir as metas para serem alcançadas. Fazer parte disso tem sido uma experiência muito interessante”, assinalou o professor José Sebastião.

“Aproveito para registrar a grande acolhida da FOB, que nos abrigou. Sei o quanto é difícil receber um curso novo, ainda sem toda a dimensão de como ele vai ficar daqui a cinco anos. Gostaria de agradecer à FOB, aos Departamentos de Ciência Biológicas e de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, à estrutura administrava, à Comissão de Graduação da FOB-USP, ao próprio Centrinho – que serviu como uma excelente base para as atividades práticas do curso – e aos servidores. Não poderia deixar de registrar também a importância do município e do Estado, com suas unidades de saúde e hospitais, locais que utilizamos para poder desenvolver o curso”, pontuou.

O professor José Sebastião ainda ressaltou aos estudantes que “do ponto de vista de entrega, as expectativas foram superadas. Basta vocês mesmos olharem para trás e avaliarem como chegaram e como estão saindo [deste primeiro ano]. E é claro que nós, professores e servidores, estamos satisfeitos de estarmos presentes com vocês. A ‘corrida’ foi boa, vocês amadureceram, tanto do ponto de vista pessoal, como também absorveram muitos conceitos e práticas, iniciaram seus projetos profissionais e puderam aplicá-los hoje. Essa atividade [avaliação realizada no dia 07 de dezembro] reflete bem a prática que vocês vão viver”.

“Continuamos planejando o segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto anos. Juntos, temos uma tarefa importante para o próximo ano, além de desenvolver o segundo ano: receber bem os primeiranistas! Vocês serão a referência inicial, então vamos recarregar nossas energias e nos preparar para essa recepção”, concluiu o professor José Sebastião.

 

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Pais ‘presentes’

Ao final do encontro, os estudantes foram surpreendidos com uma homenagem preparada pela equipe da Secretaria do curso de Medicina. Como os pais não estavam presentes fisicamente no último dia de atividades, a Secretaria solicitou a cada família mensagem para esse encerramento do primeiro ano letivo e elaborou material especial para a ocasião, entregue aos estudantes.

“Com muito carinho agradecemos à Rosali [Malaspina], à Marisa [Romangnolli] e à Adabiana [Alves de Araújo] por organizarem essa linda homenagem para o final do nosso primeiro ano como alunos do curso de medicina da FOB-USP. Todos sabem a luta que foi, entre provas semanais e modulares, teóricas e práticas, trabalhos e estágio, e receber mensagens de nossos familiares reunidas por essas pessoas queridas fecha um ciclo com chave de ouro. Obrigada por tudo, Rosali, Adabiana, Marisa, demais professores da FOB e servidores do Centrinho e das UBS [Unidades Básicas de Saúde] que estagiamos, por nos proporcionar um ano farto em aprendizado e amadurecimento. E que venha nossa T2 [Turma 2]”, registraram os estudantes da Turma 1 em sua página no Facebook (www.facebook.com/meduspbauru).

 

Saúde e segurança pública

Além da atuação dos estudantes na rede de saúde, educação e assistência social do Estado e município, outro ponto proeminente foi o trabalho próximo junto à área de segurança pública. No decorrer deste primeiro ano de curso, os estudantes conheceram toda a estrutura de regulação e atendimento à urgência, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Corpo de Bombeiros, Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e Grupamento Aéreo, com visitas, palestras, simulações, demonstrações e contato intenso com os integrantes dessas corporações.

O professor José Sebastião dos Santos frisa que “a cooperação entre o curso de Medicina da FOB-USP e o Corpo de Bombeiros, sobretudo na pessoa do tenente-coronel Miguel Ângelo Minozzi [comandante do 12º Grupamento de Bombeiros, sediado em Bauru], tem sido profundamente enriquecedora para a formação dos estudantes e o desenvolvimento da saúde pública local. Somos muito gratos ao apoio constante do tenente-coronel Minozzi e da corporação com o curso e o desenvolvimento dos estudantes”.

Foto: Tiago Rodella, HRAC-USP

Já o tenente-coronel Miguel Ângelo Minozzi defende que “o Corpo de Bombeiros deve estar inserido em todas as atividades que possam melhorar as condições de vida da sociedade, sejam elas na área da saúde, assistência social, preservação do meio ambiente ou segurança pública”.

“Nossa intenção – quando recebemos o convite do Dr. Gerson [Alves Pereira Júnior, vice-coordenador do curso de Medicina da FOB-USP] para mostrar aos estudantes do primeiro ano como funcionava o APH [Atendimento Pré-Hospitalar] no Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo – foi apresentar de forma didática o papel da instituição no salvamento e resgate de vítimas em situação de risco. Com as atividades desenvolvidas (simulados, palestras e visitas), foi possível transmitir ao futuro médico a realidade dos serviços prestados pelo Corpo de Bombeiros, proporcionando uma decisão assertiva e econômica quanto aos recursos que deverão ser empregados nos atendimentos às vítimas de acidentes”, relata.

“Minha preocupação, enquanto comandante e também como cidadão, é prestar o melhor atendimento à população, colocando à disposição pessoal bem treinado, com equipamentos em boas condições de uso, bem como evitar a confluência de atendimento feito por outros entes que operam o APH (Samu ou concessionárias) com as guarnições de bombeiro, pois isso gera desperdício de dinheiro público, já que a mesma ocorrência é atendida por diversos órgãos com a mesma função. Para isso, busquei sempre a comunicação entre as partes, o que inibiria a saída de viaturas de diferentes entes para a mesma ocorrência. Como essa organização também depende do profissional de Medicina, que faz a regulação, creio que o futuro médico em formação na USP-Bauru possa mudar esse cenário. Acredito também que o atendimento às emergências deveria estar centralizado, e não em espaços diferentes, como acontece hoje. Tudo depende de conversação e boa vontade, com o intuito principal de melhor atender à população e evitar gasto desnecessário do erário”, avalia o tenente-coronel Minozzi.

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

No mês de dezembro, essa cooperação mútua foi homenageada pelo 12º Grupamento de Bombeiros, que concedeu aos professores José Sebastião dos Santos, Gerson Alves Pereira Júnior e Alessandra Mazzo (foto), do curso de Medicina da FOB-USP, o título de “Amigo do Bombeiro”, em reconhecimento à “amizade e dedicação às causas do Corpo de Bombeiros em favor da comunidade”. Conferido pelo comandante do 12º Grupamento, tenente-coronel Miguel Ângelo Minozzi, a homenagem foi entregue no dia 13 de dezembro pelo tenente José Mario de Freitas Júnior, comandante do Posto de Bombeiros de Bauru.

 

Novos estudantes

Terceira carreira mais concorrida do último vestibular Fuvest – com 86,9 candidatos por vaga, atrás apenas das tradicionais Medicina-São Paulo (115,2) e Medicina-Ribeirão Preto (108,7) –, o curso de Medicina da FOB-USP receberá 60 novos estudantes em 2019.

Dessas 60 vagas, 42 são reservadas para seleção via Fuvest e 18 via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação, na modalidade destinada a estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em escolas públicas.

Para acompanhar os calendários e novidades sobre os vestibulares e seleções, acesse www.fuvest.br e www.sisu.mec.gov.br.

 

Muito além da sala de aula

Com uma proposta diferenciada e inovadora, conectada com os sistemas públicos de saúde, educação, assistência social e segurança pública, o curso de Medicina da FOB-USP emprega diversas modalidades de metodologias ativas e novas tecnologias de informação e comunicação.

“O curso tem currículo atual, alinhado às políticas públicas estabelecidas após a Constituição de 1988 e voltado às necessidades locorregionais de educação médica, saúde, ciência e tecnologia”, explica o professor José Sebastião dos Santos, coordenador do curso de Medicina da FOB-USP e superintendente do Centrinho-USP.

Um de seus principais diferenciais são as várias metodologias ativas utilizadas nos ambientes de ensino-aprendizagem, que propiciam experiência prática para o mundo do trabalho desde o primeiro ano.

Foto: Tiago Rodella, HRAC-USP

“Os estudantes atuam em quatro ambientes de ensino: Tutorias (aprendizagem baseada em problemas); Sistemas Orgânicos Integrados (aulas práticas, aprendizagem baseada em equipes); Laboratório de Habilidades e Simulação (sala de aula invertida e simulação clínica); e Atenção Integral à Saúde (problematização, aprendizagem baseada em casos e projetos), com inserção precoce nos serviços de saúde da rede pública, em pequenos grupos, sob supervisão docente”, enfatiza o professor Gerson Alves Pereira Júnior, vice-coordenador do curso.

“Essa proposta pedagógica é centrada nos usuários de serviços de saúde. Inclui o estudante como sujeito da aprendizagem e o docente como facilitador e mediador. O laboratório de um curso de Medicina é a sociedade, a rua, a casa, a unidade básica de saúde, o pronto atendimento, a central de regulação e os hospitais. Vivenciar isso desde cedo é um diferencial muito grande. Vamos formar médicos que terão noção do exercício da profissão com seus atributos técnicos, sociais e éticos. O médico-cidadão deverá conhecer as diretrizes, estratégias e políticas públicas de saúde, educação, ciência, tecnologia, e a interface com a assistência social e a segurança pública, para benefício da população”, salienta o professor José Sebastião.

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Para o estudante Victor Cardozo, representante discente da primeira turma do curso, essa proposta “tem sido uma experiência única em que, desde o início, entramos em contato com os pacientes e conhecemos a realidade em que eles estão inseridos, o que é essencial para nos tornarmos médicos mais humanos”.

Outro grande diferencial é a aposta em novas tecnologias. O Núcleo de Educação e Capacitação em Saúde (Necs), instalado dentro do Centrinho-USP, tem sido utilizado para a formação desde o primeiro semestre de 2018. Estruturado com toda a ambientação e equipamentos para simulação clínica, o Núcleo possibilita a capacitação de habilidades e o desenvolvimento de cenários práticos, num ambiente simulado bem próximo à realidade, seguro e controlado. O Núcleo visa também à formação de estudantes de outros cursos da área da saúde – como Odontologia e Fonoaudiologia – e à capacitação de profissionais dos serviços da rede municipal e estadual de saúde.

O curso conta ainda com ambiente virtual de aprendizagem que suprimiu a necessidade de impressão em papel, uma vez que todas as formas de avaliação são realizadas e corrigidas de forma on-line.

(Por Tiago Rodella, Assessoria de Imprensa HRAC/USP-Bauru)