Evento aconteceu no último dia 11 de outubro; objetivo foi trazer informações para auxiliar os profissionais no diagnóstico e tratamento
A tontura é uma das queixas mais comuns em medicina, afetando, de acordo com a literatura, aproximadamente 20 a 30% da população mundial. Estudo publicado em 2013 na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia apontou a prevalência de tontura em 42% da população na cidade de São Paulo. O diagnóstico e o tratamento adequados desse sintoma que pode ter diversas causas, entretanto, não são simples.
Com o objetivo de trazer informações para auxiliar os médicos e profissionais de saúde nessa tarefa, a Seção de Otorrinolaringologia do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP promoveu, no dia 11 de outubro de 2019, a 1ª Jornada de Otoneurologia de Bauru, realizada no Auditório “Profa. Dra. Maria Cecília Bevilacqua” (Bloco Didático 3 da USP-Bauru), das 8h às 17h.
“A otoneurologia é uma parte da otorrinolaringologia que lida com os distúrbios do equilíbrio corporal, que têm como sintomas mais comuns a tontura, instabilidade e inclusive quedas. Esses distúrbios podem ocorrer tanto por problemas do labirinto, órgão da orelha interna responsável pelo equilíbrio, como por problemas do sistema nervoso central. O grande foco da Jornada, portanto, será promover uma educação e atualização, auxiliando o profissional a diferenciar as possíveis causas e a direcionar corretamente o tratamento”, explica a médica Patrícia Arena Abramides, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e responsável pelo Ambulatório de Otoneurologia da USP-Bauru, que coordena a Jornada juntamente com o médico Helder Fernandes de Aguiar, da Seção de Otorrinolaringologia do HRAC-USP.
“O paciente pode ter tontura por um problema do pescoço, daí o encaminhamos para o fisioterapeuta. Às vezes, uma diabetes pode ser diagnosticada a partir de um quadro de tontura, e isso vai direcionar o paciente para um endocrinologista. Se há um problema do sistema nervoso central, é preciso encaminhá-lo ao neurologista. Uma tontura pode indicar até mesmo um AVC [acidente vascular cerebral]. Portanto, é de extrema importância o profissional saber identificar tudo o que pode causar a tontura, se são problemas centrais ou periféricos, para então dar o tratamento adequado”, ressalta a médica.
“E, para isso, uma boa investigação é fundamental. Em otoneurologia, a história clínica do paciente é crucial para um diagnóstico correto. O profissional precisa ter muito cuidado e atenção, para não deixar escapar um diagnóstico importante. A tontura é um sintoma muito limitante e que impacta bastante na qualidade de vida das pessoas. Além disso, o diagnóstico correto é importante porque, muitas vezes, o paciente pode achar que sua tontura não seja nada sério, mas talvez possa ser. E também o contrário: o paciente pode achar que está com algum problema grave e, na verdade, seja algo comum e simples de tratar”, finaliza.
Programação e inscrições
A programação da 1ª Jornada de Otoneurologia de Bauru contou com palestras sobre anatomofisiologia do sistema vestibular, anamnese e diagnóstico otoneurológico, uso de medicações, cirurgia da vertigem, abordagem do paciente com tontura na emergência, indicações e protocolos da reabilitação vestibular, abordagem fisioterápica do paciente com tontura, além de discussão de casos clínicos.
Entre os palestrantes estiveram especialistas que atuam no HRAC-USP e Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP), HC-FMUSP, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB-Unesp), Hospital Estadual de Bauru, Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Santa Marcelina e Instituto Sandra Bastos de Otorrinolaringologia.
O evento foi voltado a médicos, residentes de otorrinolaringologia, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, demais profissionais de saúde interessados e estudantes de graduação.
Ensino, pesquisa e assistência
O Ambulatório de Otoneurologia da USP-Bauru teve início no primeiro semestre de 2016. Ele tem finalidade acadêmica, por meio do ensino e pesquisa na formação dos residentes do Programa de Residência Médica em Otorrinolaringologia do HRAC-USP, e assistencial, por meio do atendimento à população das cidades do Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS 6). O acesso de pacientes para Otorrinolaringologia no HRAC-USP é por meio da central de regulação de vagas do DRS-6, a partir de avaliação inicial em unidade básica de saúde.