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Hospital das Clínicas de Bauru será retaguarda para covid-19

Foto: Tiago Rodella, HRAC-USP

Superintendente anunciou que USP autorizou uso do prédio e Estado decidiu que local receberá pacientes com covid-19, de baixa e média complexidade

O superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da Universidade de São Paulo (USP), professor Carlos Ferreira dos Santos, anunciou neste dia 20/05/2020 que, em tratativa com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), a Reitoria da USP autorizou o Estado a instalar emergencialmente 40 leitos de retaguarda no Hospital das Clínicas (HC) de Bauru (Unidade 2 do HRAC-USP).

Um fato novo anunciado pelo superintendente neste dia 20/05/2020 é que, de acordo com o Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS-6), o Estado decidiu que esses 40 leitos iniciais serão destinados a pacientes com covid-19, de baixa e média complexidade.

“A Universidade de São Paulo está fazendo tudo o que pode para ajudar nesse momento da pandemia. O reitor da USP [professor Vahan Agopyan], em contato com o secretário de Estado da Saúde [Dr. José Henrique Germann], já acordou que a USP autoriza o uso do espaço para que esses 40 leitos emergencialmente sejam montados. Essa autorização é necessária porque a USP aguarda a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica que está no jurídico da SES-SP desde outubro de 2019. Então, essa foi uma forma que a Universidade encontrou de autorizar o uso do espaço, já que, por força do decreto que criou o HC [Decreto Estadual Nº 63.589/2018], é necessária a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica para que a Secretaria de fato assuma a posse, ou seja, todo o custeio do HC”, ressaltou o professor Carlos Ferreira dos Santos.

Sobre a mudança do projeto inicial e o atendimento a pacientes com covid-19, o superintendente explicou que a USP não participa dessa definição, trata-se de uma decisão do Governo do Estado. “Fui informado na tarde de hoje [20/05/2020], pela diretora do Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS-6), Dra. Doroti [da Conceição Vieira Alves] Ferreira, que a proposta inicialmente desenhada para que o futuro HC (Unidade 2 do HRAC-USP) recebesse 40 leitos de retaguarda ao Hospital Estadual de Bauru (HEB) para tratamento de pacientes não-covid-19 mudou. Quando a proposta chegou na SES-SP, descobriu-se que a verba disponível é carimbada para tratamento de pacientes com covid-19. Portanto, essa é uma regra que não pode ser desrespeitada e, segundo o DRS-6, um outro desenho se tornou necessário”, afirmou.

O dirigente ponderou também que estamos diante de uma situação de pandemia. “Entendo que essa questão do desenho é algo muito dinâmico. Temos visto que o que o Governo Federal ou Estadual anunciam muitas vezes é mudado em questão de horas. O que se pensou inicialmente cabia para aquele período. Mas, como a pandemia avançou e todos têm percebido que, no interior, ela tem sido agressiva, então é óbvio que alguma mudança na estratégia aconteceu. Como cientista, quero dizer que não há nenhum problema em fazer mudanças. Os projetos são planejamentos e podem ser alterados. A USP cedeu o espaço. A Secretaria entendeu que uma mudança precisava ser feita naquele desenho que o DRS encaminhou e então decidiu como ela vai usar para ajudar a população da melhor forma. A [assistência à] saúde é um dever do Estado, e o Estado teve essa decisão”.

O professor Carlos Ferreira dos Santos destacou ainda que essa data é histórica. “Para mim, como o atual superintendente e presidente do Conselho Deliberativo do HRAC-USP e diretor da FOB-USP, representa o dia em que a Secretaria de Estado da Saúde sinalizou para a Universidade de São Paulo que vai entrar na Unidade 2 e que, de fato, vai assumir o Hospital das Clínicas. É um dia histórico, sim! É algo que foi me passado pelo meu reitor e, até hoje, não tínhamos uma sinalização tão firme e tão clara do Governo do Estado”.

Fluxo de acesso
Segundo o professor Carlos Ferreira dos Santos, a entrada dos pacientes covid-19 no HC será exclusivamente por transferência hospitalar [portanto, não será porta aberta].

“Os pacientes entrarão pelo Hospital Estadual de Bauru (HEB). Quando tiverem o diagnóstico molecular de covid-19, se não houver espaço no HEB, eles serão transferidos para o HC. Serão pacientes de baixa e média complexidade, ou seja, pacientes com covid-19 e sintomas leves, que não necessitem de intubação nem de UTI. Se houver complicações e o paciente precisar de UTI, ele será transferido para o Hospital Estadual de Bauru. Portanto, o HC continua como retaguarda ao HEB, mas, agora, por força de razões legais, com outro desenho, recebendo pacientes com diagnóstico de covid-19”, explanou o dirigente.

“A Dra. Doroti [Ferreira, diretora do DRS-6] informou também que, no projeto, para fazer esse transporte dos pacientes do Hospital Estadual de Bauru para o HC – e, eventualmente, do HC para o HEB –, haverá um serviço específico de ambulância”, acrescentou.

Preparação adiantada
O professor Carlos Ferreira dos Santos atualizou como está a preparação para a instalação dos 40 leitos no HC. “No dia 09/04/2020, o Dr. Rubens Cury, secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Estado, esteve em Bauru e anunciou a instalação de 40 leitos no HC e que o custeio seria pelo Governo do Estado. Ele também anunciou que quem faria a gestão desses 40 leitos seria a Famesp. Essa decisão, portanto, foi do Governo do Estado. A partir desse anúncio de um representante do Governo do Estado, decidi que a Famesp já poderia adiantar os trabalhos no prédio juntamente com a nossa equipe da USP, para que os 40 leitos estejam imediatamente disponíveis assim que os documentos estiverem todos assinados”, pontuou.

Os 40 leitos no HC estão distribuídos entre o quarto e o quinto andar do prédio, com 16 e 24 leitos respectivamente. “A USP já dispunha de um mobiliário básico, como camas, cadeiras de acompanhante, armários, e também já tinha uma infraestrutura básica de gases [entre outros itens], e então estamos disponibilizando para ajudar. Nós faremos um termo de empréstimo para que esse patrimônio possa ser usado temporariamente pela Famesp, até como forma de solidariedade para adiantar os trabalhos”.

O prazo para ativação efetiva desses 40 leitos depende também de convênio entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Famesp.

Logística e segurança
No primeiro andar da Unidade 2 do HRAC-USP funcionam Recepção e Ambulatório de Saúde Auditiva da instituição. No segundo andar, atuam os serviços de Saúde Auditiva e Implante Coclear. E, no sétimo andar, funciona o Laboratório de Citogenética. No momento, entretanto, o HRAC-USP está com cirurgias eletivas e atendimentos ambulatoriais suspensos temporariamente. Os leitos de UTI do HRAC-USP (na Unidade 1) continuam disponíveis para o recebimento de pacientes com anomalias craniofaciais elegíveis para a instituição e que necessitem de cuidados intensivos (transferência entre hospitais).

Com a mudança no perfil dos 40 leitos a serem implantados no HC, houve também a necessidade de uma adequação na logística e no acesso ao prédio, com vistas a garantir a saúde e segurança de toda a comunidade do campus, especialmente dos servidores e alunos que atuam na Unidade 2 e dos pacientes que são atendidos no local.

Uma reunião ocorrida na tarde de 20/05/2020, entre representantes do HRAC-USP e do Hospital Estadual de Bauru/Famesp, definiu diretrizes e uma logística especial com a finalidade de assegurar a proteção das equipes e usuários. Participaram da reunião, pelo HRAC-USP: o professor Carlos Ferreira dos Santos, superintendente; Dra. Cleide Carrara, assistente técnica de direção; Zelma Batista Borges, chefe técnica da Divisão Administrativo-Financeira; e Nilton José Saggioro, engenheiro. E, pelo Hospital Estadual de Bauru/Famesp: a Dra. Déborah Maciel Cavalcanti Rosa, diretora executiva do HEB; Roberta Fiuza Ramos, gerente administrativa; e Nathaly Hatore Marques da Silva e Patrícia Lantman, gerentes de enfermagem.

“O que nós conseguimos fazer é controlar a circulação de pessoas e garantir que não haverá trânsito das equipes e dos pacientes pelas outras áreas. A Famesp tem uma expertise muito grande e nos garantiu que já tem uma equipe treinada justamente para evitar que o vírus circule no nosso ambiente”, assinalou o professor Carlos Ferreira dos Santos.

“Haverá entrada de ambulância independente [pela portaria em frente ao Parque Vitória Régia], elevador independente, recepção independente, entrada independente para os funcionários. Nós conseguimos estabelecer uma logística para fazer uma separação e também assegurar a saúde e segurança da nossa comunidade interna, tanto dos servidores, professores e alunos como dos pacientes. É um desenho responsável”, finalizou o superintendente.