O estudo funciona como um registro histórico da mobilização da comunidade universitária na construção do Centro Cuidar e na implementação de políticas de saúde mental no campus nos últimos anos – Arte: Divulgação
Estudo desenvolvido pelo Programa de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) oferece um registro inédito sobre a transformação cultural vivenciada no campus de Bauru com referência à saúde mental e a consolidação das práticas de cuidado.
A pesquisa de doutorado de Rafael Casali Ribeiro, sob orientação do professor José Ricardo Ayres (FMUSP), funciona como um registro histórico da mobilização da comunidade universitária na construção do Centro Cuidar e na implementação de políticas de saúde mental no campus nos últimos anos.
“A tese cartografa o percurso histórico desde as primeiras iniciativas de acolhimento até a estruturação formal de dispositivos inovadores, documentando a mobilização da comunidade para a construção do Centro Cuidar e a implementação do programa ECOS de Bauru”, informa o pesquisador.
Intitulada “Acolher, cartografar, regenerar: cosmopolíticas do cuidado na encruzilhada universitária”, a pesquisa, em vez de trazer uma análise externa, promove uma construção realizada com e para a comunidade local, documentando os desafios da vida universitária e as potências criativas que emergiram de estudantes, docentes e servidores para enfrentar o sofrimento psíquico e promover o bem-viver.
“O estudo é apresentado como uma forma de devolutiva e ‘dádiva retributiva’ à instituição, retornando em formato de conhecimento científico as práticas que foram gestadas coletivamente no cotidiano do campus”, descreve Ribeiro.
Resumo
A tese mapeia a experimentação do ECOS de Bauru, um dispositivo de escuta e cuidado entre pares no campus USP em Bauru, analisando suas potencialidades, crises e metamorfoses. A partir de uma abordagem de pesquisa-intervenção de natureza autoetnográfica, o trabalho investiga as cosmopolíticas do cuidado em um território universitário atravessado pelas lógicas do produtivismo neoliberal e por desigualdades estruturais.
Fundamentada na confluência de saberes da Saúde Coletiva, das filosofias da diferença, do pensamento decolonial e de tradições espirituais (Zen Budismo e Umbanda), a análise acompanha a gênese, o desenvolvimento e a crise de sustentabilidade do dispositivo, cartografando as tensões entre cuidado e controle, técnica e presença.
O colapso do modelo inicial é compreendido como um analisador que revela os limites da práxis e abre “linhas de fuga” em direção a um ecossistema de cuidado regenerativo, com foco na formação de uma cultura institucional de cuidado a partir de segmentos com maior permanência, como docentes e servidores.
“O ‘corpo-tese’ resultante oferece-se como uma oferenda (ebó), um conhecimento encarnado sobre os desafios e as potências da produção do comum em contextos institucionais”, conclui Rafael Casali Ribeiro, que é médico psiquiatra e atual coordenador do Centro Cuidar.
Serviço
Banca Examinadora: A banca será composta pelos professores Ricardo Rodrigues Teixeira (FMUSP), Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima (FMUSP) e Marcelo Eduardo Pfeiffer Castellanos (UFBA).
Defesa de Doutorado: Rafael Casali Ribeiro
Título: “Acolher, cartografar, regenerar: cosmopolíticas do cuidado na encruzilhada universitária”
Data: 11 de dezembro de 2025 (quinta-feira)
Horário: 08 horas
Local: FMUSP – Av. Dr. Arnaldo, 455 – Sala 1107 (haverá transmissão online simultânea)

