Clarivate Analytics mostra a Universidade como responsável por 20% da pesquisa produzida no País entre 2011 e 2016
Neste 25 de janeiro, a USP completou 84 anos de sua criação e comemora a data com uma notícia que reflete sua importância para o desenvolvimento científico brasileiro: é a maior produtora de documentos de pesquisa do País (mais de 20% da produção nacional).
O número consta no relatório Research in Brazil, disponibilizado pela Clarivate Analytics à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e divulgado no site do órgão federal no dia 17 de janeiro.
O documento traz o desempenho da pesquisa brasileira em um contexto global entre os anos 2011 e 2016. Os dados foram obtidos do InCites, plataforma baseada nos documentos (artigos, trabalhos de eventos, livros, patentes, sites e estruturas químicas, compostos e reações) indexados na base de dados multidisciplinar Web of Science – editada pela Clarivate Analytics (anteriormente produzida pela Thomson Reuters).
As principais conclusões do relatório são:
– O Brasil é o 13º maior produtor de publicações de pesquisa em nível mundial;
– Historicamente, o impacto da citação dos documentos brasileiros é abaixo da média mundial, mas, nos últimos seis anos, aumentou mais de 15%;
– O País produz artigos científicos altamente citados e alcançou boas taxas entre 1% dos papers mais citados do mundo;
– Pesquisadores brasileiros têm trabalhado mais em parcerias internacionais, gerando um impacto maior que a pesquisa doméstica;
– No geral, as pesquisas em parceria com a indústria representam cerca de 1% dos trabalhos brasileiros;
– As grandes empresas farmacêuticas foram os colaboradores industriais mais frequentes e a Petrobras foi a única empresa nacional a colaborar significativamente com os acadêmicos brasileiros;
– Os campos de meio ambiente, ecologia, psiquiatria/psicologia e matemática têm um impacto de citação aproximando-se da média mundial e são áreas em que o Brasil poderia emergir como líder;
– A atividade de pesquisa no Brasil está focada em alguns Estados (particularmente São Paulo), mas outros apresentam um desempenho relativamente bom com base em métricas de citação.
Instituições universitárias
O relatório traz informações sobre as universidades líderes na área da pesquisa no País. Os critérios analisados foram: a quantidade de documentos produzidos, o impacto da citação, artigos no top 1% e 10% dos mais citados do mundo, colaboração com a indústria e colaborações internacionais.
O número de citações que uma publicação de pesquisa recebe reflete o impacto que teve em pesquisas posteriores. As publicações científicas citam documentos anteriores para validar uma contribuição intelectual. Portanto, pode-se dizer que uma publicação (ou uma coleção de publicações) com uma contagem de citações mais elevada teve um impacto maior no campo de conhecimento ao qual se relacionou.
No entanto, as taxas de citação também dependem da área de pesquisa e da idade de uma publicação científica (os documentos mais antigos tiveram mais tempo para obter citações em comparação com os mais recentes).
Para explicar esses fatores, a contagem de citações de publicações foi normalizada em relação à média mundial de citações esperada para o campo de conhecimento e o ano de publicação. No relatório, o termo “impacto de citação” é usado para referir-se à contagem média de citações normalizada para uma publicação científica ou grupo de documentos, em vez da contagem média de citações por publicação científica (paper).
A USP possui o maior número de publicações científicas, com o melhor resultado entre todas as instituições brasileiras de ensino superior. Sua produção é mais do que o dobro da segunda colocada, a Universidade Estadual Paulista (Unesp). São 54.108 documentos da USP e 20.023 da Unesp.
A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) tem o maior impacto médio de citação das universidades brasileiras e também a maior porcentagem de artigos entre 1% dos mais citados do mundo – muitos deles referem-se aos experimentos do Grande Colisor de Hádrons na Organização Europeia de Pesquisas Nucleares (CERN), que são altamente colaborativas, mas outras se relacionam com temas como o zika vírus, epidemiologia e câncer imunoterapia.
A UERJ também teve as maiores taxas de colaboração internacional. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem as maiores taxas de colaboração da indústria, resultado de parceria com a Petrobras. A Universidade Federal Fluminense (UFF) também apresentou altas taxas de colaboração com a indústria, e a Petrobras SA é novamente o coautor corporativo mais frequente.
Desempenho de São Paulo
O Research in Brazil também levantou a distribuição da produção científica nos Estados. A atividade de pesquisa está concentrada em alguns Estados (particularmente em São Paulo). Mais de 40% dos trabalhos de pesquisa brasileiros têm um autor afiliado a uma instituição paulista. O Estado de São Paulo também tem um impacto de citação relativamente elevado (0,88), apesar de o Distrito Federal (0,94) e o Rio de Janeiro (0,93) terem o maior impacto médio de todos os Estados brasileiros.
Apesar de ter uma produção muito baixa, o Acre também tem um impacto de citação médio relativamente alto (0,83) e a maior porcentagem de documentos entre 1% dos mais citados (1,99%). Esse desempenho é conduzido por um grupo de documentos relativo à ecologia na floresta amazônica, particularmente o trabalho de Marcos Silveira, da Universidade Federal do Acre.
Rio de janeiro apresenta as taxas mais altas de colaboração com a indústria (2,28% dos documentos) devido às parcerias entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Petrobras. Vários Estados têm uma taxa relativamente alta de colaboração internacional.
Com informações do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP
(Fonte: Jornal da USP)