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FOB-USP homenageia docentes com Título de Professor Emérito

Cerimônia de outorga do Título de Professora Emérita da FOB-USP à Maria Fidela de Lima Navarro, em 07/03/2022. Foto: Denise Guimarães/FOB-USP

Professores Maria Fidela L. Navarro, José Alberto S. Freitas e José Mondelli receberam os títulos em cerimônias híbridas nos dias 07 e 08/03/2022

Em cerimônias marcadas por relatos de histórias, desafios e feitos grandiosos e inspiradores – que culminaram com a implantação e o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e prestação de serviços à sociedade no campus USP-Bauru, e também com importantes contribuições para a educação, a ciência e as políticas públicas em nível nacional e até mesmo internacional –, foram homenageados, nos dias 07 e 08/03/2022, com o Título de Professor Emérito da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP), os professores Maria Fidela de Lima Navarro, José Alberto de Souza Freitas e José Mondelli.

A honraria é concedida a professores aposentados que se distinguiram por atividades didáticas e de pesquisa ou que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso da Universidade.

As cerimônias híbridas de outorga dos títulos ocorreram no Teatro Universitário da FOB-USP, com transmissão ao vivo pelo YouTube. No dia 7 de março, a homenageada foi a professora Maria Fidela de Lima Navarro (link: https://youtu.be/JbSaatE0AF4). Já no dia 8 de março, os homenageados foram os professores José Alberto de Souza Freitas e José Mondelli (link: https://youtu.be/TzD8koz1cDU).

“Desde o primeiro ano de mandato, o professor Guilherme Janson [falecido em 30/07/2021] e eu decidimos que homenagearíamos quatro professores com o título, um a cada ano. Com a pandemia, isso foi adiado. Mas não deixamos de lado esse projeto, de reconhecer, em vida, os nossos professores da FOB-USP que tanto contribuíram para o desenvolvimento da Universidade e da ciência”, explica o professor Carlos Ferreira dos Santos, diretor da FOB-USP (até 09/03 e vice-diretor a partir de 10/03) e superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho-USP).

Segundo o dirigente, o primeiro homenageado foi o professor Luiz Ferreira Martins [falecido em 20/03/2021], cujo processo de outorga do título tinha sido aprovado pela Congregação da FOB-USP em 20/04/1995, mas o diploma em si não tinha sido entregue a ele em uma cerimônia do Colegiado.

“Tenho muita honra porque, no dia 11 de março de 2020, data em que a OMS declarou a covid-19 como pandemia, às vésperas da USP determinar as atividades remotas, entregamos o diploma para o professor Luiz Ferreira Martins, que ficou muito emocionado e muito grato. E agora, nos dias 7 e 8 de março de 2022, após decisão por unanimidade da Congregação da FOB no dia 9 de fevereiro, prestamos essa homenagem a três grandes personalidades da FOB: os professores Maria Fidela de Lima Navarro, José Mondelli e José Alberto de Souza Freitas, o nosso querido Tio Gastão – sem dúvida a figura mais emblemática na trajetória do HRAC, que por 45 anos esteve à frente dessa instituição, e hoje tenho a honra de estar no lugar que ele ocupou”, relata Santos.

Com o diploma concedido em 2020 e as três outorgas nos dias 07 e 08/03/2022, a FOB-USP totaliza cinco docentes homenageados com o Título de Professor Emérito. No final da década de 1990, o professor Dioracy Fonterrada Vieira (falecido em 24/06/2005) também havia sido agraciado com o título, com resolução da Congregação em 10/06/1999 e cerimônia de outorga realizada em 15/10/1999.

Professora Emérita Maria Fidela de Lima Navarro discursa na cerimônia. Foto: Denise Guimarães/FOB-USP

Discursos
“Muitas ações nos levaram a compartilhar conhecimento e a continuar a aprender. Estamos aqui neste momento solene e que me dá imensa alegria e sensação de dever cumprido com as metas profissionais e pessoais que foram alcançadas, em grupo. Reafirmamos a nossa confiança em poder compartilhar sempre um novo caminhar, em direção aos picos mais altos que certamente ainda precisam ser escalados. Isso porque, a despeito dos caminhos percorridos até aqui por nós, muitas outras searas ainda necessitam ser exploradas, e uma viagem de novas descobertas está apenas começando”, discursou a professora Maria Fidela de Lima Navarro, primeira homenageada.

“Deixamos nossos mais efusivos agradecimentos a todos que nos possibilitaram receber o título de professora emérita da FOB-USP. E convidamos a adentrar conosco em um novo tempo, onde a esperança, a solidariedade, a humildade, a fraternidade, a sabedoria e a paz estejam sempre presentes, ajudando-nos a continuar a utilizar os dons que o Senhor nos concedeu, para realizar, cada qual, uma nova missão, que, com certeza, nos está sendo confiada”, ressaltou.

Dra. Patrícia Zambonato Freitas, doutora pela FOB-USP, representou o pai, o Professor Emérito José Alberto de Souza Freitas (Tio Gastão). Foto: Denise Guimarães/FOB-USP

Vivendo em Brasília (DF) desde sua aposentadoria, em 2012, o professor José Alberto de Souza Freitas, segundo homenageado, foi representado na cerimônia por uma de suas filhas, Patricia Zambonato Freitas. “Família uspiana, Família Centrinho, família Bauru, estar aqui hoje é um misto de emoções, saudades, recordações. É uma responsabilidade enorme representar meu pai nessa casa tão amada por ele e por nós. Aprendemos muito com nosso pai o sentido pleno da palavra ‘gratidão’. Ao longo da sua vida, ele nos ensinou, e muito bem, o verdadeiro sentido de servir e fazer o bem. Aprendemos a respeitar as suas ausências e dividir o nosso pai com toda a família Centrinho e FOB-USP, pois sabíamos da importância da missão de promover o sorriso dos pacientes do Centrinho e de elevar a FOB-USP na sua vida. Nem que, para isso, ele colocasse para dormir em colchão, no chão, nós, filhos, para deixar a cama quentinha e aconchegante para quem estava sem lugar para ficar: pacientes, pais, alunos de especialização, residentes, enfim, quem quisesse adentrar no mundo da FOB e do Centrinho era sempre bem-vindo”, relatou Patricia.

“Acredito que a sua bravura, somada aos esforços de grandes aliados, não foi em vão, pelas suas causas. Para ele, não existia a palavra ‘não’. Lutava e brigava com todas as armas brancas com o intuito de fazer acontecer. Somos eternamente gratos por ter nos ensinado a lutar e agir para alcançar sempre o bem. José Alberto de Souza Freitas, Tio Gastão, o nosso Zé Albertinho – e seus feitos na nossa Universidade, nesta nossa Escola, da qual ele enche o peito para dizer ‘nossa Escola’, de tão aparente orgulho que tem de ser professor, de ser uspiano e de ser da FOB –, obrigado por ter me dado a oportunidade de hoje estar aqui, te representando, e confirmar mais uma vez que o trio FOB – Centrinho – USP foi o seu melhor projeto de vida. Nestes onze anos longe desta casa, a homenagem de hoje deu a ele um misto de emoções muito forte, a ponto de me pedir para gravar umas palavras para vocês. Cada um de vocês ficará eternizado em minha vida e de toda a nossa família. Obrigada por essa tarde especial. Paz e bem para todos”, completou.

Professor Emérito José Alberto de Souza Freitas (Tio Gastão), em vídeo gravado para a homenagem. Foto: Reprodução

“Ao receber a notícia [da homenagem], brotou, da minha alma, uma profunda gratidão. Gratidão à Diretoria da FOB, gratidão à Congregação, gratidão ao relator, gratidão ao Centrinho, gratidão a todos que me conheceram e que me ajudaram na minha jornada. Agradeço a honraria recebida e desejo a todos que a paz e o bem perdure entre todos nós”, afirmou o professor José Alberto de Souza Freitas no vídeo gravado para a cerimônia (disponível neste link).

Já o terceiro homenageado com o Título de Professor Emérito, José Mondelli, salientou: “Cabe a mim agradecer. A nosso ver, na configuração do caráter dos homens, a gratidão é um atributo prioritário. Ao espírito idealista, aos surtos da inteligência, ao preparo profissional deve-se associar esta virtude que dignifica a existência. Todos vocês – membros da Congregação, estudantes, diretores – foram benevolentes comigo e com o Gastão. Ao professor José Alberto de Souza Freitas, meu querido Gastão, parafraseando Bertolt Brecht, quero dizer: ‘Existem homens que lutam um dia e são bons. Existem outros que lutam um ano e são muito bons. Existem aqueles que lutam muitos anos e são melhores. Existem aqueles que lutam a vida toda, esses são os imprescindíveis’, como o Gastão”.

Discurso do Professor Emérito José Mondelli. Foto: Denise Guimarães/FOB-USP

“Nesta tarde em que recebemos o galardão, mais do que nunca, devo olhar para o exemplo daqueles que outra coisa não fizeram em suas vidas de dirigentes e docentes do que humanizar a profissão, torná-la digna, ética e atuante. Entre eles, refulgindo como o mais polido dos espelhos, exemplos de dirigentes e de homens, agigantam-se as figuras dos saudosos Paulo de Toledo Artigas, Dioracy Fonterrada Vieira e Luiz Ferreira Martins. E, por meio deles, homenageio os ex-diretores da FOB e os atuais, assim como os ex-professores, ex-funcionários e os atuais, a quem, estou certo, todos aqui dedicam o mesmo carinho, o mesmo respeito e a mesma consideração, e este homenageado também dedica. Nessa hora emocionante em que meu coração pulsa imensamente rememorando os 76 anos de atividade profissional e 60 de convívio salutar com alunos, funcionários, professores, dirigentes, colegas e profissionais, que invocamos o quanto de entendimento, participação, ajuda mútua, vibração pela certeza de que estamos contribuindo para algo de novo na vida acadêmica e profissional. Lançamos nossa confiança e reafirmamos a nossa inabalável crença no futuro da Odontologia como especialidade médica, oficial e do Brasil. Muito obrigado”, finalizou o professor Mondelli.

Foto: Tiago Rodella/HRAC-USP

Homenagem

Ao final da cerimônia, a paciente Marina Helena Mendonça Oliveira, 12, de São Luiz (MA) – nascida com fissura de palato e atendida no HRAC-USP desde o primeiro ano de vida –, entregou homenagem ao professor José Alberto, o Tio Gastão, representado pela filha Patricia Freitas (vídeo disponível neste link), uma cesta com lembranças confeccionadas por pacientes e uma carta do Grupo de Humanização e amigos do HRAC.

Ao nosso querido e inesquecível Tio Gastão

Por onde passamos nos corredores, no jardim, na Capela, cada cantinho do Centrinho nos remete à lembrança do jovem brilhante que com tão pouca idade idealizou este lugar.

Lugar de cuidar, de respeitar, de amar, de curar e devolver o sorriso que já estava perdido.

E, assim, continuamos colhendo o que foi plantado e semeando para que nunca deixe de florescer.

O senhor está em todos os cantos, em cada rosto, em cada criança, em cada família que por aqui passou e passa. Todos conhecem aquele jovem brilhante semeador de amor e sorrisos.

A nossa gratidão pela sua existência, a nossa oração pela sua vida e nosso eterno amor fraterno.

Paz e Bem!

Amigos do Centrinho e Grupo de Trabalho de Humanização Hospitalar
08/03/2022

 

Professores Eméritos da FOB-USP*

Foto: Arquivo/HRAC-USP

Prof. Dr. José Alberto de Souza Freitas (Tio Gastão)
Sua trajetória está intrinsecamente ligada não apenas aos primórdios do HRAC-USP, mas a todo o seu desenvolvimento. Como empreendedor e líder nato, possui a habilidade de agregar pessoas aos seus projetos, tornando-os coletivos.

Nascido em 18/06/1942, em Lindóia (SP), graduou-se como cirurgião-dentista pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, em 1964. Desde então, construiu sua carreira acadêmica na FOB-USP, ao ser contratado como professor assistente, em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa, em 1965. Obteve os títulos de Doutor (1969) e Livre-Docente (1976), tornando-se professor titular em 1985.

No ano de 1967, foi um dos fundadores, juntamente com outros seis professores da FOB-USP, do então Centro de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, como resultado de um levantamento estatístico realizado entre 1966 e 1967 no município de Bauru, que identificou a incidência de fissura labiopalatina em uma a cada 650 crianças.

Até 1976, sob sua direção, importantes conquistas foram obtidas, como a institucionalização como Centro Interdepartamental da FOB-USP, em 1973; e a transformação, em 1976, em unidade hospitalar (Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais – HPRLLP, com nova denominação desde 1998 devido à ampliação do seu campo de atividade: Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais – HRAC).

À frente da instituição por 45 anos – até sua aposentadoria, em 2012 –, realizou uma gestão visionária e proativa, o que tornou o Hospital uma referência nacional e internacional para o ensino, pesquisa e tratamento de síndromes e anomalias craniofaciais e audição, como reconheceu a Organização Mundial de Saúde em 2001.

Demonstrou habilidade ímpar ao coordenar e concretizar inúmeros projetos e convênios não apenas junto à USP, mas a entidades públicas de saúde, órgãos governamentais estaduais e federais, agência de fomento e universidades do Brasil e do exterior, sempre em busca permanente pela excelência e com vigor científico. Enquanto pesquisador, obteve como coordenador a aprovação de diversos projetos junto aos principais órgãos de fomento do país, que permitiram a construção de prédios e instalação de laboratórios no Hospital. Também atuou como membro consultor em diversos órgãos financiadores de pesquisa, como FAPESP, CNPq e FINEP.

Como os pacientes do Hospital eram provenientes de todas as regiões do país, no ano de 1969, deu início ao Fundo de Assistência ao Fissurado e, em 1975, junto com alguns profissionais da instituição, constituiu a Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-Palatal (Profis).

Na década de 1980, a partir de estudos realizados e da necessidade dos próprios pacientes com fissura que também apresentavam deficiência auditiva, decidiu que o HRAC-USP seria um “hospital para fazer sorrir e ouvir”. Sob sua liderança, no ano de 1985, foi instituída a Associação do Deficiente Auditivo (ADA) em parceria com o Lions Clube de Bauru, sendo o marco inicial no atendimento à pessoa com deficiência auditiva no Brasil. Em pouco tempo, em 1987, a ADA se transformou em Laboratório de Estimulação da Audição e Linguagem (LEAL) e foi integrado à estrutura do Hospital, com posterior mudança para Centro de Distúrbios da Audição, Linguagem e Visão (Cedalvi), no ano de 1990.

Com essa estrutura do Hospital, no ano de 1985, juntamente com o diretor da FOB-USP, professor José Mondelli, e a Congregação, apresentou o primeiro plano curricular e financeiro para a criação do Curso de Fonoaudiologia. Após intensa atuação junto ao Conselho Universitário, em 1989, obtiveram autorização para o início das atividades do Curso de Fonoaudiologia na FOB-USP, em 1990.

Ainda no ano de 1990, foi criado o Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA), constituído pelos professores da área de Audiologia do Curso de Fonoaudiologia e profissionais do Hospital, homologado pela Universidade, com o registro no Diretório de Grupos de Pesquisas no CNPq. Ainda na área da saúde auditiva, atuou como mentor de pesquisadores e profissionais e, como destaque, o HRAC-USP teve o primeiro programa de implante coclear e próteses auditiva implantáveis no Brasil, exclusivamente vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Em uma retrospectiva das políticas públicas voltadas à atenção em saúde nas áreas de fissura labiopalatina e audição, teve atuação decisiva para a construção da rede de atendimento especializado no SUS.

Na área de ensino, com a preocupação em formar profissionais para atuarem em núcleos instalados em várias regiões do país, propôs e instalou no Hospital cursos de Aperfeiçoamento e Especialização nas diversas áreas para atendimento integral do indivíduo com fissura labiopalatina e deficiência auditiva, assim como as Residências Odontológica e Médica em Otorrinolaringologia. O Programa de Pós-Graduação stricto sensu com cursos de mestrado e doutorado foi estruturado e aprovado pela Universidade e posteriormente pela CAPES.

Durante sua carreira, recebeu diversos prêmios e títulos, sendo que, em 2001, durante evento em Gotemburgo (Suécia), a Organização Mundial de Saúde (OMS), em uma honraria, descreveu o professor José Alberto de Souza Freitas como um “homem que enxerga longe”.

É, antes de tudo, um humanista. De forma sábia, implantou no Hospital uma filosofia e, com sua liderança e exemplo, estabeleceu-se um ambiente de ensino, pesquisa e extensão no qual as relações entre os profissionais, alunos, pacientes e família são norteadas pela competência técnico-científica, mas se sustentam na generosidade, compaixão e preocupação com a dignidade e o bem-estar mútuo. Desde sua aposentadoria, em 2012, vive em Brasília (DF).

Resolução/aprovação: 09/02/2022.
Cerimônia de outorga: 08/03/2022.
Parecer: Profa. Dra. Kátia de Freitas Alvarenga, professora titular do Departamento de Fonoaudiologia da FOB-USP.

 

Foto: Arquivo/FOB-USP

Prof. Dr. José Mondelli
Seu nome está entre os lumiares que criaram e engrandeceram a FOB-USP. Bauruense, nascido em 04/01/1937, já aos nove anos iniciou o aprendizado do ofício de protético e nunca mais se desligou da Odontologia. Graduou-se pela então Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araraquara em 1957, hoje vinculada à Unesp.

Em 1962, foi convidado para colaborar com a organização e ministrar as primeiras disciplinas com os docentes da USP, na implantação definitiva da FOB-USP. Assim, em 1963, iniciou a carreira acadêmica na Cadeira de Materiais Dentários, ingressando dois anos depois como docente do Departamento de Dentística, onde permanece até hoje como professor sênior. Obteve os títulos de Mestre (1965), Doutor (1967) e realizou os concursos de Livre-Docência (1971), Professor Adjunto (1975) e Professor Catedrático/Titular (1977).

Foi um dedicado diretor da FOB entre 1982 e 1986. Tornou-se colaborador benemérito e foi membro do Conselho Deliberativo do HRAC-USP, além de ter sido responsável pela implantação da Coordenação do Campus USP de Bauru (hoje Prefeitura do Campus).

Incansável defensor do ensino, integrou a Comissão de Especialistas do Ministério da Educação (MEC) que, em 1981, instituiu o currículo mínimo dos Cursos de Odontologia, tendo como maior inovação a implantação da Clínica Integrada como disciplina obrigatória. A partir daí o ensino de Odontologia no Brasil passou a oferecer aos estudantes uma visão mais abrangente e envolvente do ser humano, com atenção global e integrada de saúde e bem-estar.

Publicou mais de 500 artigos no Brasil e exterior, é autor de 19 livros, 14 capítulos de livros e 7 manuais didáticos. Recebeu várias homenagens de diversas entidades odontológicas nacionais e internacionais, em reconhecimento por sua atuação. Orientou centenas de alunos de pós-graduação, graduação e especialização, seguindo linhas de pesquisa de aplicação clínica prática, que colaboraram para a formação de uma filosofia integrada de trabalho e atenção aos pacientes odontológicos, a qual nomeou “Filosofia Mondelli de Odontologia”.

Diante de uma carreira grandiosa e já despendidos anos de dedicação, ofereceu-se à disputa pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), tendo vencido as eleições realizadas em 2021.

Resolução/aprovação: 09/02/2022.
Cerimônia de outorga: 08/03/2022.
Parecer: Prof. Dr. José Henrique Rubo, professor titular do Departamento de Prótese e Periodontia da FOB-USP.

 

Foto: Arquivo/FOB-USP

Profa. Dra. Maria Fidela de Lima Navarro
Nasceu em Santarém (PA), em 25/12/1943, e mudou-se para Bauru com a família ainda criança. Foi aluna da primeira turma de Odontologia da FOB-USP. Concluiu a graduação em 1965 e ingressou na carreira docente em 1966. Realizou estágio no Dundee Dental Hospital da University of Dundee (Escócia), no período de 1968 a 1969, na condição de bolsista da Fundação Rotária. Recebeu o título de Doutora em Dentística Restauradora no ano de 1970, e de Livre-Docente, na mesma área, em 1982, ambos na FOB-USP. Em 1998, tornou-se professora titular do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Dentários, sendo que, no mesmo ano, alcançou a posição de Chefe do Departamento.

Na prática clínica, assim como no ensino, dedicou-se à Clínica Odontológica, Odontologia Social e Preventiva e Materiais Odontológicos. Na pesquisa, abordou temas referentes a restaurações em odontologia, bioquímica oral, desenvolvimento dos materiais odontológicos, epidemiologia e prevenção em odontologia, propriedades físico-químico-mecânicas dos materiais dentários e propriedades biológicas de materiais odontológicos. Foi membro do corpo editorial de periódicos nacionais e internacionais.

Ao longo da extensa e profícua carreira, ocupou importantes cargos e funções: presidente da Comissão de Pós-Graduação da FOB-USP (1986-1991); presidente do Grupo Brasileiro de Professores de Dentística (1989-1992); presidente do Comitê de Saúde Complementar do CNPq (1991-1994); presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica-SBPqO (1993-1994); membro da Diretoria da International Association for Dental Research-IADR (1995-1998); coordenadora do Regional Development Committee da IADR (1998-2001); chefe do Departamento de Dentística, Endodontia de Materiais Dentários da FOB-USP (1998-2002); primeira mulher diretora da FOB-USP (2002-2005); vice-presidente da IADR (2007-2008); presidente-eleita da IADR em duas gestões (2009-2010 e 2010-2011); e secretária geral da USP (2006-2010).

Resolução/aprovação: 09/02/2022.
Cerimônia de outorga: 07/03/2022.
Parecer: Profa. Dra. Inge Elly Kiemle Trindade, professora titular do Departamento de Ciências Biológicas da FOB-USP.

 

Foto: Arquivo/FOB-USP

Prof. Dr. Luiz Ferreira Martins
Nascido em 04/06/1935 na zona rural de Itapetininga (SP), era o caçula de seis filhos e mudou-se para a capital paulista ainda jovem, onde ingressou em escola de destaque, na qual cursou o que seria equivalente ao ensino médio atual, contemplado com bolsa de estudos por seus méritos.

Esta experiência lhe abriu as portas da USP, onde se graduou em Medicina Veterinária (1958). Foi contratado como professor assistente da USP ainda em 1958, iniciando, assim, sua carreira docente. Nesta condição, estagiou no Instituto Butantan e concluiu seu doutoramento em 1962.

Sua trajetória junto à FOB teve início enquanto atuava como representante dos doutores junto ao Conselho Universitário. Aceitou convite para criar o Departamento de Histologia e Embriologia da FOB-USP e, em 1964, une-se a grandes mestres que já formavam o corpo docente, tornando-se Livre-Docente em 1965. Algum tempo depois, é aprovado no concurso para professor catedrático e se desvincula de São Paulo, assumindo plenamente o cargo em Bauru.

Mais adiante, na condição de membro da Comissão de Orçamento e Patrimônio do Conselho Universitário, obtém recursos para a criação e implantação, por iniciativa de sete docentes da FOB-USP, do Centro de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, o atual HRAC-USP, tendo papel fundamental em seu desenvolvimento.

De 1970 a 1974, assume a Diretoria da FOB-USP, protagonizando uma brilhante gestão. Entre tantos feitos, amplia a área do campus e implanta a Pós-Graduação na Faculdade. Foi membro do Conselho Universitário da USP por 24 anos seguidos e chegou a ser candidato a reitor da Universidade.

Nos anos que se seguem, envereda por novos caminhos na área da Educação, assumindo importantes posições junto ao Governo Estadual e também na esfera Federal. Assume, em 1973, a Coordenadoria do Ensino Superior – à qual eram subordinados 15 institutos isolados administrados pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. De sua atuação junto ao Governo, resulta a criação, em 1976, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da qual foi o primeiro reitor (1976-1980). Foi também secretário estadual da Educação (1979-1982) e deputado federal (1983-1987).

Aposentou-se como professor da USP em 1988. Ao retornar a Bauru, na década de 1990, passa a atuar como consultor acadêmico e administrativo do HRAC-USP, a convite do superintendente, professor José Alberto de Souza Freitas, e, nessa função, conclui com mérito e honras suas atividades docentes. Faleceu em 20/03/2021.

Resolução/aprovação: 20/04/1995.
Cerimônia de outorga: 11/03/2020.
Proposta: Prof. Dr. José Mondelli, professor titular do Departamento de Dentística da FOB-USP.

 

Foto: Academia Catarinense de Odontologia

Prof. Dr. Dioracy Fonterrada Vieira
Reconhecido como um dos maiores nomes da pesquisa odontológica do país e eminente professor, fez brilhante carreira docente na Universidade de São Paulo, destacando-se pelo saber e abnegação, chegando ao topo da carreira como professor titular. Fez pós-graduação nos Estados Unidos, onde também foi professor-visitante por dois anos.

Foi um dos maiores especialistas em Materiais Dentários do Brasil e da América Latina. Colaborou para a organização e o desenvolvimento de várias faculdades brasileiras – incluindo a FOB-USP e a sua escola de origem, a Faculdade de Odontologia (FO-USP), da capital, onde foi diretor entre 1981 e 1984 – e também do exterior, em países como Portugal, Paraguai e República Dominicana.

Em Bauru, teve papel fundamental na organização tanto do então Departamento de Materiais Dentários como da Faculdade de Odontologia de Bauru, orientando professores de diversos Departamentos na área pedagógica, didática e iniciação científica, abrindo caminhos e incentivando as pessoas com seu espírito de organização diferenciado.

Sua filosofia de trabalho era extremamente avançada, enfocando a área preventiva e o diagnóstico como eixo principal e inicial do tratamento, ponto de partida para as demais áreas. Como docente, não se restringia à área de Materiais Dentários, primando pela visão ampla do ensino como um todo. Foi nome da primeira turma formada na FOB-USP (1965).

Também teve marcante participação na formação de uma geração de pesquisadores na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Recebeu os títulos de Sócio Benemérito da Associação Brasileira de Odontologia – Seção de Santa Catarina (ABOSC) e de Professor Emérito da UFSC e da FOB-USP, cujo Teatro Universitário também leva o seu nome. Foi amplamente reconhecido internacionalmente e faleceu em 24/06/2005.

Resolução/aprovação: 10/06/1999.
Cerimônia de outorga: 15/10/1999.
Proposta: Prof. Dr. Paulo Amarante de Araújo, professor titular do Departamento de Materiais Dentários da FOB-USP (falecido em 11/04/2014).

* Com informações de atas e pareceres apresentados à Congregação da FOB-USP, do livro “FOB: 50 anos de história”, e dos portais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Academia Catarinense de Odontologia (ACO).

 

(Reportagem: Tiago Rodella/HRAC-USP)